amado

os teus olhos, eles são tão lindos
quando me olham meninos
quando me olham safados
quando me olham 
os teus lábios, eles são tão doces
quando me beijam tranquilos
quando me beijam afobados
quando me beijam
as tuas mãos, elas são tão leves
quando me tocam suaves

quando me tocam serenas
quando me tocam
as tuas palavras, elas são tão puras
quando me escrevem felizes
quando me escrevem amorosas
quando me escrevem
o teu corpo, ele é tão meu
quando me invade com vontade
quando me abraça com saudade
quando me queima
" minha liberdade é uma ofensa pras correntes do desamor "



pow


esses olhos que não enxergam
ignoram o óbvio, sem brilho
esse peito cheio de mágoa
ignorando os fatos cruéis
insistindo na repulsa
eu não sei mais nossas idades
não sei no que acredito
marquei com canivete
um sorriso no meu rosto
desarrumei o cabelo

roí as unhas
se há beleza, nego
recuso para ser mais além
acordei hostilizada
para com a chuva voltar pro meu lugar
eu tô tentando ser melhor
eu tô batalhando com o desejo
eu tô lutando contra a loucura
mas hoje faltei a terapia
não quero esvaziar
quero acumular para explodir
big bang originando meu universo

quase amor

é que minha pequena
me pede tão pouco
que eu fique se tiver vontade
que eu ligue se sentir saudade
que eu parta se me entediar
que eu sorria só se me alegrar
que eu apareça inteira ou espatifada
que eu a queira safada ou envergonhada
a única exigência da minha menina
é que eu vá 
mas que eu volte

quase um bumerangue

savage


eu espero disfarçando o desespero
é fácil ver quando não tem futuro
e eu não tenho e não temo
só assombro teu presente
vai em frente na trilha da inocência
meu caminho é malícia, você sabe
corto atalho pra sair da tua rota
procuro padre pra te livrar da maldição
tiro com sabão meu perfume da tua escada
exorcizo com faísca teus lençóis
mas a janela, não tem jeito,
gravou - por trás - as minhas digitais