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Passei as ultimas vinte e quatro horas acordada, anestesiada vagando a procura de falsos sorrisos, falsos prazeres, fugas para a dor. E agora, se quiser ir embora, que vá logo, as portas estão abertas e os punhos fechados, acredite, eu não vou me importar. Encontrei companhias sem futuro, perdidos e fracassados, todos tão confusos quanto eu, mas amáveis e capazes de dividir. Preciso muito disso: divisões. Cansei de ser a mesma e só uma, quero ser várias, todas bêbadas e vulgares, todas vadias e sem coração, muitas. E nem tua foto na minha bolsa, nem teu cheiro na minha boca, nem teu riso na minha mente, nada disso me atinge mais. Enquanto eu permanecer acordada não terei motivos para sonhar, por que agora eu sou várias, todas falsamente felizes, batendo a cara no muro da realidade, todas descontroladas, imundas e amaldiçoadas.


Nenhuma delas te pertence.

Um comentário:

  1. Nenhuma delas pertence a ninguém!
    Já disse que vocês todas, assim, desse mesmo jeito, dentro da Grá, são lindas?! Pois então.

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