Mãe


Você sempre me pergunta o que quero da vida
Tanto quer saber sobre minhas escolhas
Que se esqueceu das suas.
Eu te vejo tão triste e sozinha
Sempre alerta a procura de uma oportunidade pra falar
Reclamar de suas dores infinitas
Comentar suas novelas idiotas
Eu vejo seu olhar gritando por ajuda
Mas não posso nada fazer
Isso me dói, tira pedaço de mim.
Mas nem é o meu mundo.
Eu me importo, mas não quero me importar
Você se tornou amarga, isso é valentia
No seu lugar eu teria me tornado um demônio
São tantas as rasteiras, as injustiças
E você ainda insiste em acreditar em deus
Isso é bonito, essa tua convicção.
Se eu não consigo te ouvir por muito tempo
É porque machuca ver o que o mundo fez de ti.
Se eu não consigo mais concordar com tuas idéias
È porque ofende ver o que mundo fez de ti.
E quando me pego pensando em grandes exemplos de mulher
Não penso em você logo de cara, mas sei do tamanho da tua força.
Eu não sou mais aquela menininha, que pegava flores e folhas pra te dar
Que fazia poeminhas e declamava pra ti na frente de todos os alunos
O que restou daquela época foi mesmo só a rebeldia.
O que estou herdando é só sua amargura e essa força quase bruta.
Mas ainda é amor, incondicional e inexplicável.
Ainda e sempre vai ser amor.


Um comentário: