Aquele dia na rua você me sorriu, foi sincero e ofuscante. Mas não o bastante, estou amarga.
Você percebeu, tocou meu rosto e me fez chorar, eu sei, nunca me viu assim, tão vulnerável. Por isso fui embora, sem dizer uma palavra, em meio a buzinas e soluços parei em um daqueles becos imundos do centro e me acalmei. Eu não sei por onde ando, sempre me perco pelas ruas, bares, vielas, me perco em mim. Eu sinto tanto a sua falta, rio sozinha dos seus chiliques, mas confesso que longe de você estou melhor. Sou nociva, você sabe, venenosa até. Sei que se importa e se preocupa, e mesmo assim não atendo suas ligações, pra mim agora tanto faz, você pode entender. O que há de bom em mim aos poucos está morrendo, não há espaço para sua doçura, não procuro redenção. Ainda estou inteira, foi lindo te ver, mas não quero mais me despedaçar nem me quebrar, não mais. Sua presença me desmorona, me evite mais. Você sempre soube que seria assim.Sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário