quem sabe outro dia...

ela chorou tanto, que as lágrimas se misturaram ao soluço
a dor era só sua e sabia que estava só
era sua própria companhia, solidão por natureza
viu passar o dia, com olhos e coração inchados
e aquela sensação que ninguém sabe descrever

era só uma fase ruim, libertação

então ela sorriu
soube que no fundo não era pra se enquadrar
por todas as vezes que foi ridícula
uma gargalhada estrondosa
por todo seu controle e medo
um riso desengonçado, constrangedor
por toda sua timidez e estranheza
um agradecimento
ela entendeu que não poderia viver
de acordo com as expectativas e exigências
nem suas nem de ninguém
jamais haverá formas que a moldem
ou correntes sociais e emocionais que a prendam

as pessoas são assim, ela pensou
te conquistam pelo que são
e te magoam pelo que você é
mas ela entendia
ela era tão inteira, louca e livre
e mesmo que não vivesse em um conto de fadas
mesmo que não fosse nem desejasse ser nenhuma princesa
ela não esperava somente um final feliz
ela batalhava por uma jornada radiante...