Para a menina que ousei não notar.


Eu finjo que não te vejo, com o pingente que te dei no pescoço, com o cabelo jogado de lado, e esse sorriso oferecido. Nasci egoísta e arrogante por conveniência. Também nasci fingida. Nunca te disse que adoro essa sua falta de vergonha, nem que gosto quando você se socializa por mim na mesa de bar, ou quando bebe do meu copo escondida por achar que já bebi demais. Tanta coisa que não te disse, e nunca vou te dizer. Por que não faço parte desse clichê romântico, de qualquer clichê na verdade. Não gosto de filmes iranianos e cults, não gosto de mostrar os livros que leio, não sou fotógrafa nem poeta, acredite: sou uma qualquer. Com a vidinha mesquinha, o guarda roupa cheio de futilidades, uma caixa cheia de brincos sem par, alguns sapatos que nunca usei e o limite do cartão de crédito estourado. Então não me ache especial, não use sua melhor roupa comigo, nem engasgue tentando me impressionar com palavras. Não use o presente que te dei querendo me consquistar, sua beleza me basta. Essa sua gargalhada constrangedora me fascina. Não me ache especial, não se ache especial. Somos duas. Perdidas. Sacanas. Isso deve bastar.
Gosto de você.

3 comentários:

  1. Para a menina que ousei não notar é uma ''puta'' produção. Parabéns pelo blog e toda a sua intensidade.

    Caminhamos num devaneio misto de sonhos e realidades. Assim vamos tropeçando, andando, correndo.

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  2. Estou no face, Estamos no face!
    Feminismo Poético...

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