O mundo é meu também


Joguei fora meu patuá cheio de mágoas, decidi que ele não pode mais ser acompanhante do meu espelho, rimas e batom vermelho. Não há espaço para o belo e para o amargo em mim, não mais.



 Entrei num mundo que não me pertence, e mesmo ferida, educadamente me retiro. 

À moça desconfiada digo: nem sou bonita, não vou roubar seu homem, você podia ter direcionado a mim também teu lindo sorriso, eu retribuiria. 
À amiga que amo incondicionalmente digo: nem sou forte, tuas palavras me dilaceram e me arrancam lágrimas, e a falta delas não me faz menos sincera.
À menina medrosa de olhos lindos digo: nem sou tão livre assim, essa liberdade perigosa me machuca, por favor pare de invadir meus sonhos e pesadelos, é teu o que tenho de melhor. 
À descontrolada que gritava comigo digo: tão triste um amor bonito se fazer feio, lamentável o carinho se fazer agressão, tuas atitudes refletem as minhas, e nós sempre seremos espelho. 
À pequena que me manda cartas imaginárias e me diz verdades duvidosas  digo: linda, louca, eu sei que só procura um abrigo, eu bem sei que solta palavras cortantes, mas peço que sofra menos e viva mais. 

Escrevo em prantos esse devaneio, escrevo como se me mudasse de casa, de plano, de corpo. E nem me importo com a dor, por que as vezes é doendo que se liberta. 
Continuo acreditando e seguindo minhas convicções:
 preciso não me sentir uma ameaça ladra de homens ( nem gosto muito deles);
      amizade não oscila, não balança, não vence o prazo, amizade simplesmente é; 
  preciso de palavras menos duras, não sei lidar com elas quando lançadas feito bombas; 
      exijo atenção de quem gosto e  respeito de quem já gostei;
final feliz só existe em novela.

E mesmo sem meu saquinho de mágoas, continuarei guardando-as para mim, 
                  mas no meu mundo, no lado que me cabe sem ofender, sem chorar. 
Porque eu continuo a mesma caipira de sempre, que bola planos para ver quem gosta, que tem como melhor amigo um travesseiro, que escreve como louca num caderno velho e que viu o tempo passar 
agindo como uma idiota invasora de mundos alheios.
     Tentei e tento, mas não, não vou me adaptar.






2 comentários:

  1. Essa sinceridade e simplicidade nos seus textos me fascina,e mesmo não te conhecendo muito,tenho um respeito enorme pela Grazi que eu leio.
    Beijos sua louca linda.rs

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  2. ...agindo como uma idiota invasora de mundos alheios.

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